Domingo, 23 de Setembro de 2007
O preço da liberdade
Quero concluir esta onda de reflexões políticas, de cariz partidário, dizendo que finalmente se realizou uma Assembleia de Militantes dos Socialistas da Concelhia de Alcobaça. Não ousarei comentar o que lá se passou, mas sempre quero deixar um recado e um obrigado ao militante do PSD que levou cópias destas minhas reflexões para os dirigentes da minha Secção. Obrigado pela ajuda.
Bem quanto a reflexão fiquei com a mesma sensação de ter tomado o pequeno almoço, almoço e jantar tudo na mesma refeição É uma sensação esquisita, pois acho muito mais saudável ir tomando cada uma das refeições na hora certa, e com os necessários intervalos, para não ficar indisposto.
Gostaria ainda de recordar aquela anedota de um tal jovem que entendeu que deveria ser monge, e foi para um convento muito austero, onde o silêncio apenas poderia ser quebrado se 4 em 4 anos. E de cada vez que falasse estava obrigado a ser muito sucinto e concreto, pois apenas podia dizer duas palavras.
Ora o bom monge ao fim de 4 austeros anos, pode falar e disse ao seu superior as duas palavras que lhe eram permitidas “Cama ruim”. Quatro anos mais tarde voltou ao parlatório e pode dizer mais duas palavras “Comida má”. E quatro anos depois, ou seja passados 12 anos, voltou junto do seu superior e pronunciou mais duas palavras “vou-me embora”, ao que o Superior respondeu “não admira, você desde que aqui chegou não parou de refilar”.
Para bom entendedor meia palavra basta ….
Frontalidade
É caro o preço que se paga para se ser livre. Sempre gostei de pensar pela minha cabeça e de ter as minhas opiniões. Naturalmente não sou o centro do mundo e este não gira à minha volta (felizmente, senão girava muito pouco) e naturalmente nem sempre tenho razão. Mas, como só os burros não mudam, quando vejo que não tenho razão facilmente mudo pois só assim se pode evoluir.
Certo é que sempre dei a cara pelas minhas ideias e opiniões e sempre me recusei a esconder-me sob a capa do anonimato, por isso sinto e sei o quanto custa e o preço que se paga para exprimir publicamente aquilo que se pensa, sobretudo quando isso não está em sintonia com a ortodoxia ou com o politicamente correcto.
Se disser isto acontece aquilo, logo para atingir algo devo dizer uma coisa bem diferente daquilo que penso. Sempre me recusei a enveredar por este caminho do politicamente correcto e sempre preferi ser politicamente verdadeiro, mas esta opção de ser livre, tem naturalmente o seu preço, bem caro por sinal.
A sociedade civil é frágil e dependente dos poderes instituídos seja eles o Estado, a câmara, a junta de freguesia, a religião, o partido, o patrão, ou outros poderes sejam eles quais forem que deixam o espírito de liberdade sistematicamente condicionado por um calculismo permanente. Essa não será seguramente a minha postura. Digo o que penso com verdade e frontalidade, naturalmente com respeito. Não seria capaz de viver isolado da sociedade, e sei que tenho que viver e conviver respeitando os outros, as suas opiniões e a sua forma de estar. Os outros terão o dever de me respeitar. Nem sempre é isso que acontece. Quando não se segue no caminho do rebanho e não se anda à voz do pastor geralmente pagamos a factura. Não sei por onde vou, mas sei que por esse caminho não vou, por isso convicto de que quero ser livre, vou continuar a querer pensar pela minha cabeça, a ter as minhas opiniões, a ser frontal e directo custe o que custar. Mas, todos os que ousam trilhar este caminho, geralmente acabam arredados e afastados. Prefiro continuar assim, mas não me peçam para ser hipócrita e cobarde.
Terça-feira, 18 de Setembro de 2007
Motivação e Credibilidade
Além de motivação e mobilização, falta credibilidade no PS/Alcobaça. Faltam vozes respeitadas no partido socialista e reconhecidas na sociedade. Uma afirmação tem valor não só pelo que é dito, mas por quem é dito.
Seria preciso que as pessoas se convencessem que a credibilidade não depende do valor que as pessoas julgam que têm. A credibilidade depende do valor que os outros nos reconhecem. Os dirigentes da Secção de Alcobaça apenas se conseguiram fazer eleger por uns escassos 80 militantes nas eleições internas e nas eleições para as autarquias locais apenas conseguiram reduzir o PS/Alcobaça à sua mais fraca representação de sempre. Um único vereador na Câmara e uma única Junta de Freguesia, e o menor número membros na Assembleia Municipal.
O problema desta comissão politica não é ausência de conhecimentos, é sobretudo a ausência de bom senso. O bom senso deveria ter-lhes permitido começado a congregar as pessoas, a reunir os estilhaços e a fazer pontes de acordo para começar a reerguer o PS. De visível nada foi conseguido. Estamos no ponto de partida e quem não anda, não só fica parado, como começa a andar para trás. O futuro anunciado por esta Comissão Politica não passou de um regresso ao passado que deixou tudo na mesma.
Se este era o rumo certo do Partido, só posso, deduzir que o rumo certo é o do fracasso total. Os que conduziram o PS ao desaire nas eleições autárquicas são os mesmos que agora comandam o Partido, com os mesmos métodos.
Precisávamos de uma comissão política capaz de defender ideias claras
Era importante que os militantes se pudessem conhecer uns aos outros. Num partido tão fragilizado, e tão escasso em pessoas, era essencial captar novos militantes. Mas quem arrisca a meter-se neste vespeiro. Não é nas vésperas de eleições que andamos a correr de freguesia em freguesia a ver se encontramos pessoas (umas quaisquer) para integrarem as listas sem saber se elas têm ou não alguma ligação com o partido.
Cabe à Comissão Politica ter a lucidez de saber que aquilo que fazemos agora afecta necessariamente a sociedade de amanhã. Sabe-se que a população está cansada do executivo camarário do PSD, mas não acredita na oposição socialista a quem não atribuiu credibilidade. Os socialistas pouco ou nada têm feito para credibilizar o partido e tudo vai continuar na mesma, sem solução.
Que acção politica
As dificuldades enfrentam-se em conjunto. Mas os dirigentes locais não foram capazes de reunir os militantes e de os envolver para enfrentarmos a batalha de conquistar o poder local. Só por uma cega e estranha ambição ou por mentalidade torpe se poderá entender que se está a fazer um bom trabalho. O PS sempre que veio às freguesias foi para procurar apoio e nunca para dar apoio aos seus eleitos locais. Por exemplo, a Carta Escolar do Concelho as estruturas eleitas do PS nunca facultaram esse documento aos seus militantes, nem aos seus eleitos nas freguesias, apesar desse documento ter implicações em todas as freguesias. Seria de o Partido ter envolvido os seus militantes na discussão de um assunto tão importante. Mas apenas contaram as ideias dos iluminados. Erros de metodologia.
Desde Junho de 2004 que não se realizou uma única Assembleia de Militantes. Em Maio de 2006 pediu-se aos militantes que fossem eleger uma nova Comissão Politica e apenas puderam dizer lista A ou Lista B. Nunca mais os militantes do PS/Alcobaça foram convocados para nada.
Consta-nos que a Presidente da Assembleia de Militantes se demitiu, sem que tenha feito uma única reunião. De facto a lista vencedora da Concelhia contava com militantes empenhados e dinâmicos. Por esse facto nunca terá havido ninguém para assinar uma simples convocatória para reunir os militantes. Se numa qualquer Assembleia, de uma colectividade, de uma freguesia, ou de um município o presidente da Mesa do órgão se demite, há sempre um substituto, só no PS isso não acontece e será preciso recorrer a eminentes juristas para resolver o grave problema. E, afinal aí está a solução a convocatória chegou assinada não por nenhum presidente da Assembleia das estruturas de base, mas pela mão do Presidente da Comissão Política Concelhia.
A fraca ancoragem dos partidos e o surgimento de movimentos de cidadãos é uma das questões, agendada, para o debate que terá lugar em Alcobaça no dia 6 de Outubro, em Alcobaça por iniciativa da Federação Distrital do PS. Seguramente o funcionamento da Secção poderá ser um exemplo de como se contribui para a fraca ancoragem dos partidos.
Domingo, 16 de Setembro de 2007
Participação Política e eleições
A participação política dos militantes na Secção de Alcobaça está confinada à escolha dos dirigentes locais. É frustrante verificar que os militantes de um partido a única acção em que podem participar é votar. Se os militantes não podem apresentar ideias, propostas, criticas sugestões como se podem sentir representados neste partido? Como se podem sentir envolvidos e motivados.
A democracia não se resume a uma mera eleição. A democracia é um regime em que a vontade da maioria coexiste com a liberdade das pessoas como o mais alto valor a preservar. Os partidos políticos são estruturas associativas que surgiram para agrupar pessoas com maneiras de ver o mundo e a sociedade semelhantes e de forma a permitir que essas pessoas tenham representantes na gestão dos órgãos de poder, seja no poder local ou nacional. O nascimento dos partidos políticos surge para garantir a participação do povo na gestão das coisas públicas. O povo deveria sentir-se representado pelos partidos e estes, deveriam ser capazes de traduzir a pluralidade de interesses existentes na sociedade, e como estruturas representativas da sociedade deveriam ser formados por cidadãos dinâmicos e participativos capazes de intervir de forma colectiva na realização de objectivos concretos sejam a governação sejam a oposição. Actualmente o PS no concelho de Alcobaça está na oposição, mas devia ser uma oposição motivada, mobilizadora e capaz de atrair e envolver militantes e simpatizantes. Mas não é capaz. Esta longe de conseguir esse objectivo.
Mas porque os partidos se estão a afastar das pessoas começam a surgir os independentes a reagruparem correntes de pensamento e estão a fazer estragos nos partidos, veja-se o que aconteceu nas eleições intercalares para a Câmara de Lisboa. A maioria das pessoas esteve contra os partidos, pois 74% dos eleitores estiveram de costas voltadas para os partidos pois uns nem sequer foram votar e outros, numa percentagem que não se pode desprezar votou em listas de independentes.
A democracia representativa é actualmente considerada internacionalmente como o único regime político legítimo e veja-se quanto se gasta nos mecanismos de fiscalização dos processos eleitorais. Contudo, não faltam sinais de que os regimes democráticos estão a trair as expectativas dos cidadãos. Não faltam revelações de corrupção, os políticos nos seus mais diversos patamares, depois de eleitos, gerem as coisas públicas a seu belo prazer, e ignoram por completo os cidadãos. Isso acontece também em Alcobaça. Este PS, que nem sequer é poder, fechou-se sobre um pequeno cartel que vai vegetando na sua letargia em busca de algo que não se sabe bem o quê de tão alheados que estão dos militantes e totalmente distanciados da sociedade que os ignora. Esquecem-se por Alcobaça que a Democracia representativa tem que ser uma Democracia participativa. No PS Alcobaça não há lugar para os militantes como pode haver lugar para os simpatizantes?
Os partidos políticos deveriam ser escolas de formação democrática e são hoje apenas navios vazios, e este navio além de vazio anda sem rumo.
Sem motivação não há organização
Ignorados os militantes afastam-se do Partido, perdem-se os simpatizantes e o peso deste PS tende a ser cada vez mais leve. Quando há motivação o clima organizacional tende a ser elevado, quando a motivação é baixa ou quando não existe motivação, instala-se o desinteresse. E, neste momento, o desinteresse instalou-se à volta deste PS.
O Partido deveria promover a participação política, a formação dos seus militantes e desta forma contribuir para a existência de um eleitorado politicamente consciente, informado e mobilizado promovendo a união e a formação, mas não tem sido capaz de cumprir essa sua vocação.
A expressão “participação política” serve para designar uma série de actividades: o acto de votar, a militância num partido, a participação em manifestações, a discussão em acontecimentos políticos ou públicos, a participação numa campanha eleitoral. Mas o PS de Alcobaça apenas precisa de votantes e de figurantes para as campanhas eleitorais. Esquecem-se os dirigentes locais que a Democracia não se resume ao modo de eleger, mas que a Democracia deve ser entendida como Democracia representativa. E, para se poder representar alguém é preciso conhecer e ser conhecido. Estes actores são desconhecidos do eleitorado, mas também desconhecem os eleitores de quem não são capazes de se aproximarem.
É por causa destas posturas e comportamentos que os cidadãos se sentem cada vez menos representados pelos seus representantes partidários e entendem que as decisões mais importantes dos governantes são cada vez menos democráticas.
Os especialistas e analistas lamentam que nos Estados democráticos os cidadãos se tenham tornado apáticos e desinteressados da política. E pode ver-se que o número de votantes tem diminuído nas últimas décadas, e o número de filiados nos partidos políticos tende a ser cada vez menor.
Por cá, desmotivados os militantes afastaram-se e o PS está desorganizado e sem quadros, embora uns quantos se olhem ao espelho mágico e lhe perguntem “espelho meu neste partido quem é melhor do que eu?”. Acreditam-se uma alternativa, mas o eleitorado não vê nenhuma alternativa nem nada em que possa confiar. Um panorama que se torna ainda mais grave quando a maioria PSD não tem sido desgastada pelos anos de poder e continua a pavonear-se na política local, apesar do mau trabalho.
Sábado, 15 de Setembro de 2007
Partidos: doença da democracia
Os partidos políticos como garantes da pluralidade e da participação na vida política deveriam servir de “escolas de formação” dos cidadãos, para uma melhor intervenção na vida politica. Isso não funciona no PS/Alcobaça, que funciona como uma oligarquia antidemocrática.
Como podem os partidos garantir e querer a democracia nas estruturas de governação local ou nacional, se não conseguem reunir e congregar os seus militantes, nem sequer são capazes de ter um funcionamento democrático. Que legitimidade podem ter os socialistas para reclamar posturas democráticas nas autarquias ou nos órgãos de governação, se essa postura democrática não é seguida nas estruturas do PS?
Ao ignorarem os militantes, ao não convocarem as Assembleias de Militantes, ao não promoverem encontros, nem convívios, nem formação em iniciativas que deveriam fortalecer o partido os dirigentes locais não estão só a revelar falta de trabalho e falta de capacidade estão sobretudo a tentar fomentar a obediência, a alimentar o conformismo e o deixa andar. Desta forma anulam o espírito crítico e a liberdade de opinião porque só no conformismo e na passividade alguns podem crescer. Em terra de cegos quem têm um olho é rei.
Os partidos políticos deveriam ser o garante da democracia, mas desta forma acabam por se transformar numa doença da democracia, porque se tornam num obstáculo à intervenção dos cidadãos na via politica.
Silêncio no debate de ideias
Os militantes têm direito de “exprimir livremente a sua opinião a todos os níveis da organização do Partido e apresentar, aos respectivos órgãos, críticas, sugestões e propostas sobre a organização, a orientação e a actividade do Partido” (alínea d) do nº 1 do Artigo14º dos Estatutos do PS). Como podem os militantes exprimir a sua opinião se não há nada organizado pelo partido nos últimos anos? Onde está então o bom trabalho que a elite dirigente diz que existe mas que não se consegue ver?
Os dirigentes locais não reúnem os militantes porque não querem ouvir opiniões, talvez porque temam ser criticados pelo trabalho que desenvolvem ou seja pelo trabalho que não desenvolvem.
Eliminando encontros e reuniões, os militantes ficam impedidos de ter opiniões e apresentar eventuais críticas. Uns ficam privados da sua participação politica, e só uns poucos se podem mostrar como activos e activistas.
Os outros, onde nos incluímos, estamos de fora ou afastados. Não temos espaço para nos exprimirmos. E, quem ousar “exprimir-se livremente” terá que o fazer fora do quadro permitido, como tal provavelmente, infringe a disciplina partidária. Esta é uma arma que tem por objectivo levar o outro a obedecer. Logo esta Partido vive entre os extremos da persuasão e da violência, ou seja entre a cenoura e o chicote da força.
Convictos de que as coisas não estão bem, restam-nos três formas de reagir.
-Manter-nos leais à disciplina partidária e permanecer calados, uma postura que consideramos cega e acrítica;
-sair e abandonar o partido, uma posição cómoda mas cobarde;
-ou expressar abertamente as nossas opiniões e protestar.
Mas para protestar teremos sobre o nosso pescoço a espada da disciplina partidária, pois apenas podemos exprimir livremente a nossa opinião nos respectivos órgãos, ou seja no Plenário de Militantes. Mas a Assembleia de Militantes não reúne como já referimos para que os militantes não se possam pronunciar.
Se optarmos por uma postura “politicamente correcta” devemos manter-nos leais ou saímos de cena. Preferimos ser politicamente verdadeiros e como tal entendemos que devemos protestar, de forma a fomentar a reflexão. Tanto mais que “os partidos políticos são integrados por cidadãos titulares de direitos políticos” (Artigo 7º da Lei 2/2003 de 22 de Agosto). Estamos certos de que ainda não perdemos os nossos direitos de cidadania e por isso assumimos o risco de exprimir livremente as nossas opiniões.
Como não podemos manifestar o nosso protesto no local próprio, ou seja na Assembleia de Militantes, porque ao arrepio dos Estatutos não são convocadas, só nos resta uma alternativa: manifestar publicamente a nossa opinião. A nossa militância política não pode limitar ou cortar o nosso espírito crítico, nem tão pouco pode limitar a nossa cidadania empenhada. O formalismo partidário, tal como muito bem defendeu Ostrogorki, representa uma resposta inadequada nos regimes democráticos.
A filiação partidária não é uma arregimentação e terá de ser compatível com a liberdade pessoal e com a participação cívica.
Esta postura de ignorar os militantes, de não promover encontros e formação só poderá ser para castrar por completo a opinião de militantes, sobretudo dos mais esclarecidos.
Quarta-feira, 12 de Setembro de 2007
O descalabro do PS/Alcobaça
“O descalabro do PS já terminou” é uma afirmação do Presidente da Comissão Politica Concelhia do PS/Alcobaça, em declarações ao jornal “Região de Cister”, onde responde às críticas do arquitecto Leonel Fadigas. Assegura ainda, “só poderemos estar confiantes, porque estamos a desenvolver um bom trabalho”. É uma postura esquisita para estar na política em que as pessoas se julgam a si próprias, e logo para auto elogiar o trabalho próprio. Seria muito mais sensato deixar que os outros classificassem o trabalho que está a ser desenvolvido e seria de todo útil ouvir os militantes.
Então chama-se bom trabalho a um partido que não reúne a Assembleia de Militantes desde Junho de 2004, quando isso estatutariamente deveria ocorrer de seis em seis meses. Para alcançar votos seria necessário que as estruturas partidárias se aproximassem dos militantes e criassem laços de união e empatia. É ignorando os militantes que se pode dizer que se está a fazer um bom trabalho. Acho criticável esta forma de estar na política. Mas, os resultados estão bem à vista.
A última vez que os militantes foram chamados a envolverem-se em algo da vida interna do Partido foi em Maio de 2006 pediu-se aos militantes que fossem eleger uma nova Comissão Politica. Os militantes só servem para eleger estas elites, para pagar quotas e depois são ignorados.
E a propósito, foi eleito um presidente da Mesa da Assembleia de Militantes. Ao que consta parece que se demitiu antes de marcar qualquer reunião. Será verdade????
Militante … sem militância
Pessoalmente, entendi inscrever-mo no partido político que melhor poderia enquadrar a minha forma de ver a sociedade: o Partido Socialista. Julgo-me uma pessoa minimamente esclarecida e antes de aderir à condição de militante li e reli os Estatutos e a Declaração de Princípios do Partido e sem dúvida que me continuo a rever nesses documentos que devem (ou deviam) orientar a vida do partido.
Tinha plena consciência de que não são as minhas ideias pessoais que devem moldar o partido a que livremente e por iniciativa própria aderi. Sabia que as minhas ideias pessoais teriam que se enquadrar na filosofia do partido que me acolheu. Não tenho dúvidas de que sou um socialista convicto. Mas, lamento, não me rever nem me identificar com a acção do partido a nível local. Não encontrei motivos para discordar dos princípios orientadores do Partido, mas entendo que por cá não se seguem os Princípios basilares do PS.
Ser militante, quanto a mim, significa “participar activamente” numa causa ou projecto. E o partido a que aderi não tem nada em que eu, ou qualquer militante de base possa participar activamente. Sou militante desde 2004 e, ao longo destes dois anos de militância, quase nada foi feito. A participação activa que qualquer militante deveria ter foi-me negada pelo partido.
Atitudes políticas
A cidadania empenhada pode expressar-se ou manifestar-se de diversos modos ou através de diversos envolvimentos, desde o associativismo cultural ou desportivo, nos movimentos sociais ou sindicais, na acção politica entre muitas outras possibilidades. A acção politica é uma expressão de cidadania. Na sociedade podemos identificar vários tipos de comportamento político.
Abstencionistas. Temos aqueles que se desligaram de toda a vida politica e são abstencionistas, não votam e não participam em nada que tenha a ver com a política. Uns alhearam-se da política por falta de capacidade e de interesse cultural pela gestão das coisas públicas, alguns poucos fazem-no por opção de quem se quer demarcar da podridão da política. Destes exemplos partidários é isto que se pode esperar.
Apartidários. Muitos são os cidadãos que não se envolvem em actividades públicas nem politicas, não militam em nenhum partido, têm as suas opiniões, mas quando vão votar, vão mudando o seu sentido de voto consoante as circunstâncias, contribuindo para a alternância escolhendo aquela que julgam a melhor solução para a altura e penalizando quem não correspondeu às expectativas.
Activistas. Teremos depois um terceiro patamar que poderemos considerar como activistas. São à partida cidadãos convictos das suas ideias, interessados pelas causas públicas, interessados pelas questões politicas e por isso envolvem em actividades partidárias ou noutros movimentos sociais.
Activistas inactivos
Teremos que enquadrar os militantes dos partidos no grupo dos activistas. Mas torna-se difícil de compreender um partido cujos militantes estão inactivos ou foram votados à inactividade.
Numa breve consulta aos Estatutos, pode ler-se no artigo 14º referente aos “direitos”, que os militantes têm direito de “participar nas actividades do partido”(alínea a) do nº 1 do Artigo14º). Como se pode participar se o partido nada faz, nada promove?
Participar na vida política do Partido foi um direito fundamental que nos foi garantido pelos estatutos, mas que as estruturas locais nos negaram. Logo consideramos que fomos privados de um direito fundamental, e só poderemos responsabilizar as estruturas locais, ou seja a Comissão Politica Concelhia, e os seus dirigentes.
A reflexão e a acção política implicam trabalho e uma dinâmica de relação com outras pessoas. Ao aderir a um partido esperávamos poder debater a realidade da política local com outras pessoas, ouvir e dar opiniões, numa acção interactiva e formadora da nossa cidadania. Mas o Partido não nos proporcionou isso. Não aderi a um partido para continuar isolado.
Estamos convictos que o PS precisa de votos, mas também precisa da acção dos militantes. Contudo o PS/Alcobaça não reúne os seus militantes, não os aproxima, não faz com que se conheçam uns aos outros, não promove a sua formação política e cívica. Não prepara militantes para a acção autárquica. Grave é que o PS nem sequer reúne a Assembleia Geral das estruturas de base, que, segundo os estatutos, deve reunir ordinariamente, de seis em seis meses, sob convocatória da respectiva Mesa” (Nº 1 do Artigo 34º). Nos últimos anos nunca a Assembleia de Militantes reuniu. As últimas Assembleias ocorreram apenas num quadro de ambições por cargos e tramóias, pouco abonatório da imagem do Partido.
Sexta-feira, 7 de Setembro de 2007
PS/Alcobaça perdeu o passado
e não encontra o futuro
O PS/Alcobaça perdeu o passado e não consegue encontrar o futuro. É certo que não podemos viver de memórias, e o passado não será perfeito como nada na vida é perfeito. Mas, se não tivermos os pés bem assentes no passado numa seremos capazes de construir o futuro. Se perdermos a memória não teremos identidade nem rumo. O PS/Alcobaça perdeu a memória do seu passado, mas perdeu também o rumo e por mais voltas que dê não consegue encontrar o futuro.
Frequentemente tem-se ouvido críticas ao PS/Alcobaça, umas mais em surdina, outras mais visíveis. Agora no “Jornal de Leiria” o Arquitecto Leonel Fadigas fez duras críticas a esta Secção Concelhia que acusa de não ter “crédito, imagem, ou propostas”. A prova de que ele tem razão está bem patente na representação que o PS conseguiu nas últimas eleições autárquicas.
A nova geração do PS/Alcobaça hostilizou o passado do Partido no concelho e quis apagá-lo. Se é certo que as mentalidades renovadoras não quiseram preservar a memória, também é certo que não conseguiram construir nada. De tal forma que o passado já não é memória mas apenas “eterna saudade”. Na tentativa de apagar o passado, tudo o que tem sido feito têm sido passos em falsos, e a única proeza que as últimas lideranças conseguiram foi a de levar o PS ao pior resultado de sempre. Um partido que foi poder, que teve uma maioria de cinco vereadores na Câmara, caiu para apenas dois vereadores e depois tragicamente para um.
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1993
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1997
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2001
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2005
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%
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Mandatos
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%
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Mandatos
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%
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Mandatos
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%
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Mandatos
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PS
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71,43
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5
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28,57
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2
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23,5
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2
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17,12
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1
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PSD
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28,57
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2
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57,14
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4
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46,89
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4
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55,08
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5
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PCP
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6,37
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0
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14,27
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1
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22,19
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1
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15,98
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1
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Dados disponiveis no site do STAPE
Foi um partido que teve a maioria das juntas de freguesia no concelho, mas resta-lhe apenas uma (a Maiorga). O Partido tem vindo a despedaçar-se de queda em queda, e este facto, deveria ser razão mais do que suficiente para que os dirigentes locais promovessem uma reflexão e ouvissem com humildade as opiniões dos militantes. Porém, preferiram meter a cabeça na areia, e caminham encantados na cena politica local apesar de ninguém prestar atenção ao espectáculo trágico cómico que em vão tentam representar. Em equipa que perde … no futebol já teria havido chicotada psicológica, mas na nossa política … lá vamos rindo encantados …
Este PS têm as mãos cheias de nada e a ambição de coisa nenhuma.
Seguramente que o PS ainda têm alguns militantes com valor, certamente ainda tem valorosos simpatizantes que poderiam engrossar as fileiras do Partido mas estão impedidos de intervir politicamente porque apenas meia dúzia de pseudo iluminados, podem ter papel activo na vida da Secção. O que fazem não se sabe muito bem, se existe acção política não se consegue ver, e o pouco que se vê, e mau ou muito mau.
Militantes ignorados
Grave e preocupante é o facto de não haver espaço onde os militantes possam intervir. Esta reflexão é algo que gostaríamos de poder partilhar no espaço próprio. Mas como não existe espaço próprio, teremos que recorrer aos espaços impróprios.
Julgo-me uma pessoa minimamente esclarecida e um cidadão activo e comprometido com a sociedade. Sou militante do PS, embora inconformado com a realidade partidária pelo que entendo manifestar publicamente a minha opinião em jeito de desafio para reflexão.
Até à muito pouco tempo rezava o provérbio popular “entre marido e mulher, não metas a colher” para assim dizer que os problemas de casa não deviam ser tratados na rua e com a intervenção da sociedade. Porém, mudaram as mentalidades, e hoje para bem de uma sociedade mais humana e mais digna a violência doméstica é crime. Também a vida politica e partidária tem que sofrer evolução. É frequente ouvir-se dizer que os problemas internos se resolvem internamente, ou seja no seio do Partido. Mas como esse espaço não existe, teremos que encontrar formas alternativas. Os partidos, funcionam quase como sociedades secretas, onde nada deve transbordar para o exterior e, quando alguém ousa transpor para o exterior problemas do foro interno, tem quase sempre sobre si a espada da censura interna e abre-se-lhe a porta da rua, para onde se é geralmente empurrado.
A defesa da Democracia
Reli a Declaração de Princípios do Partido, onde no nº 13 se pode ler “O PS acredita que é preciso ser-se radical na defesa da democracia, … para o PS, são prioritárias as reformas … que favoreçam a participação democrática”.Espero que o PS não siga a doutrina de Frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz. Por isso, convicto de que é preciso ser radical na defesa da democracia ouso tornar pública a minha opinião sobre a vida da Secção de Alcobaça do PS. No interior do Partido são prioritárias reformas que favoreçam a participação democrática e por isso expresso a minha reflexão. Sei que corro riscos. Mas de uma coisa tenho a certeza. Posso não ganhar nada com esta atitude, mas também não é menos verdade que também não perco nada, pois nada tenho a perder.
Domingo, 2 de Setembro de 2007
Honrosa nomeação
Mimado com uma nomeação, de António Delgado, que nos atribuiu o Certificado de Blog “Melhores Momentos Virtuais”, sinto-me naturalmente honrado por ser incluído nesta corrente. Agradeço ao António pela atenção que dedicou ao nosso blog e que, com esta nomeação, nos obriga a prestar maior atenção a este espaço de comunicação e partilha na blogosfera. Obrigado António pela responsabilidade que nos atribuis-te de darmos sequência a esta corrente solidária. Sendo admirador da tua frontalidade e da tua criatividade, bem expressa no teu blog, esse sim merecedor de prémio e destaque, aceito o desafio e deixo aqui a nomeação de alguns blogs que merecem ser distinguidos com este mimo: A todos que continuem a alimentar os seus blogs e a blogosfera com os seus artigos e com os seus comentários, porque a sociedade cresce e evoluiu com aqueles que opinando querem evoluir e contribuir para a evolução.